quarta-feira, 3 de setembro de 2008

...

Soneto do Cotidiano.

Voltei a vida,
Sedento de danças,
Como quem cativa,
Repele e escarra,

Brilha-me outro prisma
Calmo e calvo,
Sem cores nem beiras
Nem palmeiras,

Me fazem sombra.
Há mar, há dor.
Regresso embriagado,

Para quem, qual?
Como o poder, nem vejo.
Como quem cativa, repele e escarra.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Vida qualquer.

Jaz agora um corpo seco e mal passado em frente ao computador simultaneamente alegre.
Com a guitarra deitada em seu colo enxarcado da pior vodka.
Vê-se como em frente á um espelho.
Obedece incondicionalmente a vontade superior.

Os olhos brigam e o obrigam a fechar-se do todo.
Cansado de sí, estagnado de movivento, levanta-se, derruba a guitarra e bate com a cabeça na luminária, que cai e quebra.
Vai até a janela de seu quarto e assiste a teimosa insistência dos alardantes carros e motos da rua cheia/vazia.
Olha o seu retrato na sala e não se vê.
Pede calma a sí mesmo, deita no sofá, e se concentra em admirar o sono que quer ter.
Não dorme.

Levanta decide-se de vez que tem de tomar um banho e trocar a roupa molhada.
Liga o chuveiro, resbala no chão e cai, e a luz cai com ele.
Toma seu banho frio sem energia.

Veste a mesma roupa suja e se imunda novamente.
O corpo jaz no chão do banheiro por horas.
De solavanco levanta-se com pressa e raiva, sai do banheiro com a mesma velocidade que o sol surge do nada a sua costas.
Ajunta a sua guitarra tremendo, e atira esta contra o espelho da sala.
O quebra, junto com a guitarra, obviamente.
Vê-se livre!

Vai até o rádio e escolhe uma "rádio" para ouvir.
Tocam algumas músicas da moda.

Ele olha seu retrato na sala e não se-vê.

Senta em frente ao computador, e no escuro de sua cegueira vê uma segunda-feira, fria, sangrenta como sedenta.
Lava o rosto e vai trabalhar apressado.
No caminho alguns conhecidos e amigos o comprimentam.
Ele comprimenta a sí mesmo, mas desconhece o nome, desconhece ele mesmo!
Desespera-se, da meia-volta e volta para sua casa correndo.
Abre a porta e entra com o pensamento de que que há uma porta que ele possa entrar, tem que haver!
Pega a vodka e o super-bonde na geladeira.
Enche o seu copo com louvor, e começa a colar calorosamente os pedaçinhos do espelho.




No dia que ele completar o espelho, espero que saibam que no retrato da sala, assustado e surpreso, ele não se comtemplará.
Espero que saibam...


quarta-feira, 16 de abril de 2008

Sentado com o cachimbo ouvindo Robert Johnson...

Outra guitarra triste do blues me lembra as noites que Billy e eu nos embriagavamos na Costa Rica...
A tal da luz descolorida e densa que não cansa em iluminar o nosso rosto cansado em mais um bar qualquer, eu acompanhava Billy em seus choros e pedidos de "mais um drink", já desiludido da vida. Billy dizia que isso seria passageiro, então nos tornamos um, deixamos nossa querida Costa Rica banhada pelo mar das antilhas, e demos por parar em Bluefield.
Ali só eu e Billy sabemos como tudo mudou, os sorrisos vinham e voltavam dos nossos rostos como as ondas. Billy reconquistou a vida, reconquistou seu coração, esqueceu-se de Morgan e deixou se embalar pela saia de uma garota do campo azul. Elizabeth fez meu amigo sorrir denovo, isso só poderia ser um milagre! Na verdade só Billy sabia como isso tudo mudou, mas eu descobriria alguns meses depois junto ao violão já sem tinta demonstrando sua verdadeira madeira.
Agora e eu? O que eu faria? Pense Thomás, pense... Só você sabe quanto o campo azul vivo para ti era escuro, jamais esqueci Natalie por um segundo se quer, nunca esquecerei da cor morango de suas buchechas.
Mas olhe Billy surfando lá no mar, ficando de pé novamente sobre suas ondas de esperanças e realizações! Enquanto eu e meu violão aqui tocamos sob o céu cinza dos campos azuis secos, Strawberry fields forever...


Começei a ouvir Blues, e ele me fez imaginar algo assim... Ai criei essa histórinha infantil, espero que tenham gostado.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

O frio do inverno...

Hoje há de fazer frio novamente, início de abril é assim mesmo.
Ontem deixou-se calor, saudações, muitas felicidades e anos de vida.
Deixei 17 anos, e agora o que hão de ser os próximos 17?
E que vontade de dizer que haverão de existir...

Não sei, acho que virão inconscientes... Como os que já se foram...
E lá vou eu deixar novamente um dia para trás, mais um...
A língua portuguesa não sabe falar por mim meus caros.

E saber que alguém ontem deixou a vida, talvez no Casaquistão...
Pior ainda é pensar que alguém o forçou a deixar.

Talvez algum pedaço de aço/metal/ferro sejá lá o que for, disparou contra alguém.
Não digo arma, digo humano mesmo, de aço/metal/ferro sejá lá o que for...
Frio, fraco, vazio. Com uma bala as vezes dentro, mas só por instantes.
Nem as balas aguentam o frio de uma pessoa assim, logo são expelidas ao vento frio de abril.
E por vezes acabam acertando alguém.

A culpa não é das balas...

Sou feliz por ter alguém que me esquente neste início de abril.
Posso juntar pessoas e beber vinho se o frio continuar...
Mas se por pressão deste frio outra bala expelir-se pelo ar?
E parar no meu peito... Seria o fim deste início de abril...
E o início do meu fim para os próximos 17 anos, inconscientes, não só por 17, sabemos... Sabemos?
E se consciente estivesse, espantado, nervoso, meio louco diria:

A culpa não é das balas...

Só os poetas sabem quais das suas palavras são verdadeiras.
A língua portuguesa não sabe falar por mim meus caros.